Como transformar CMYK ou RGB em Pantone e vice-versa?

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Você já deve ter passado por uma situação parecida com esta: “Eu tenho um logotipo criado no Photoshop que é roxo, está em RGB e a gráfica está me pedindo para transformar em PANTONE, o que eu faço?”

Fique tranquilo, você não é o primeiro a ter que lidar com este problema, e hoje nós iremos discutir alguns conceitos sobre como “transformar” uma cor de um sistema para outro, se isso é possível, quais são os problemas e outras questões diversas sobre este assunto!

Sintam-se livres para enviar críticas construtivas, sugestões, recomendações, correções ou elogios nos comentários. Boa Leitura!

Obs.: Recomendo que leia o Post “O que é CROMIA CMYK?” antes de prosseguir com esta leitura pois alguns dos conceitos ilustrados naquele post serão citados aqui.

 

Começando do início

Nós já sabemos o que é o CMYK, quais são suas cores Base (Cyan, Magenta, Yellow e Black), como é formada a CROMIA (através de retículas) e o mais interessante de tudo isso: com apenas 4 cores base do CMYK, podemos formar qualquer cor desejada, certo? Bem, somente em partes! E aqui nós veremos o porquê!

Apenas para exemplificar os conceitos que ilustraremos aqui, citarei uma doença conhecida por muitos de vocês leitores. O Daltonismo (veja na Wikipedia). (Atenção: Foge ao escopo desta discussão apresentar informações concretas sobre o Daltonismo em todos os seus aspectos científicos visto que este Blog e o autor não são especializados nesta área de conhecimento). Segundo a Wikipedia, o Daltonismo basicamente é:

“uma perturbação da percepção visual caracterizada pela incapacidade de diferenciar todas ou algumas cores”

Ou seja, de maneira superficial podemos dizer que o espectro visível de cores de quem porta o Daltonismo é mais limitado do que o espectro visível de pessoas que não o portam.

O olho humano é capaz de diferenciar um determinado número finito de cores, e o mesmo ocorre com os sistema de RGB, CMYK, HSB, PANTONE etc.

Veja o diagrama abaixo que exemplifica de maneira rude o espectro de cores visíveis (ou seja, distinguíveis) de cada sistema de cores, inclusive nosso sistema óptico. (fonte: American Institute of Physics http://www.aip.org/)

gamut

A linha de traços mais longos representa o monitor (LCD, LED etc. que utilizam o sistema RGB de cores). Ou seja, digamos que dentre o espectro “completo” de cores visíveis pelo olho humano, o monitor do seu computador ou smartphone é capaz de te mostrar somente o que está dentro desta área. Agora repare que o CMYK ou o PANTONE por exemplo conseguem alcançar outras tonalidades que o seu monitor não é capaz de reproduzir, além de outras áreas que todos conseguem (tanto o olho humano, quanto o monitor, o PANTONE e o CMYK).

Além disso, é possível tirar outras conclusões óbvias deste diagrama, como por exemplo:

Mais da metade da gama de cores que somos capaz de enxergar não são reproduzíveis com nenhum dos 3 sistemas!

Ou seja, digamos que em determinadas áreas deste diagrama de cores visíveis pelo olho humano, existem porções em que o CMYK, o RGB e o PANTONE apresentam limitações assim como um portador de Daltonismo. Simplesmente não podem ser reproduzidas e ponto final.

Portanto, não é possível por exemplo que o seu impresso utilize exatamente o mesmo tom de Vermelho que a parede de uma loja, pois cada sistema de cores é capaz de reproduzir as tonalidades com as sua próprias peculiaridades. Além disso há fatores como transparência, refletividade, brilho e outros efeitos que são inerentes a cada material. Por exemplo:
Uma tábua de madeira branca pintada com tinta fosca verde, jamais será tão brilhosa e refletiva quanto uma etiqueta de papel laminado/metalizado da cor verde.

A partir deste ponto nós já conseguimos responder uma parte da pergunta:

“É possível transformar CMYK ou RGB em Pantone?” A resposta infelizmente é: NÃO! Mas então, qual é a solução?

No mundo real nós precisamos aplicar os conceitos de cores estudados e ao mesmo tempo utilizar de bom senso e “tato” para resolver nossos problemas. E é por isso que precisamos tanto da exatidão da máquina quanto a sensibilidade imprecisa do ser humano para resolver este problema. Vamos lá!

 

Exemplo de aplicação na vida real

Imaginemos agora um caso típico em que recebemos um logotipo de um cliente, que foi criado por alguém que não sabemos mais quem foi. Este designer escolheu uma cor no Photoshop em RGB para representar uma tonalidade de “Vinho”. A cor “Vinho” imaginada por ele é uma espécie de roxo, meio avermelhado, escuro mas não preto, não é muito rosa e também não é muito azulado, mas não sei dizer o nome, será que é Vinho? Vermelho? Burgundy? Escarlate? Vermelhinho? Vermelhão? Vermelho Sangue? Vermelho bem vermelho tipo vermelhão mesmo? Bordô? Roxo? O vinho que tem na parede da loja da esquina?

Bom, a partir desta pequena descrição já é possível perceber que é muito complicado descrever uma cor com palavras e portanto é preciso utilizar um código específico para esta cor.

No exemplo abaixo mostramos a cor em RGB do “Vinho” que estamos querendo imprimir. Esta cor foi selecionada no Photoshop “aleatariamente”:

color-picker-rgb

Repare que o código em RGB é R: 113 / G: 24 / B: 52. O RGB é perfeito para demonstrar esta cor no monitor pois afinal o monitor por natureza utiliza o sistema RGB para mostrar as cores para você. Porém não se esqueça que o Vinho que eu estou enxergando não é o mesmo que o Vinho que você está enxergando. Veja o motivo na foto abaixo: (clique na foto para ampliar)

branco-rgb

Repare que mesmo utilizando a mesma cor RGB, esta foto exemplifica extamente o problema que existe entre os monitores do seu escritório, do meu monitor e do monitor do seu produtor gráfico. Portanto, não é possível comparar uma cor desejada mostrando a tonalidade pelo computador. A única precisão que o computador pode te garantir é o código da cor e não a tonalidade que você enxerga na tela.

Todos os monitores da foto acima utilizam RGB certo? OK!

Agora imagine a diferença de cores que podem existir quando você imprime uma cor RGB com outro sistema de cores como o CMYK. O resultado pode ser muito diferente do que está imaginando.

Os mais perspicazes dos leitores já devem ter reparado que na imagem em que demonstrei o Color Picker do Photoshop acima, exite um campo da janela que mostra exatamente a formulação do CMYK, veja abaixo:

color-picker-cmyk

Legal! Problema resolvido certo?

Errado!

O software (neste caso o Photoshop, mas no seu caso pode ser o Illustrator, Corel ou outro software complexo de edição de imagens) é capaz de utilizar fórmulas matemáticas para tentar “chutar” a cor que você estava procurando em RGB e transformar em CMYK. Porém vejamos um exemplo de como esta indicação pode ser um “falso positivo”.

Nós aprendemos que para imprimir o Preto Puro, em sua tonalidade mais escura devemos utilizar 100 da tinta K (veja explicação sobre o CMYK aqui). Agora, abra seu Photoshop por exemplo e selecione a cor Preto, ou seja, no cantinho inferior esquerdo do Color Picker (veja a imagem abaixo):

color-picker-preto-rgb

 

Repare que o CMYK não está com 100% de K. Isso ocorre pois o software “tenta”  te auxiliar, mas não é capaz de solucionar todos os problemas sozinho pois afinal de contas, não é capaz de tomar decisões baseadas em bom senso e “tato” como você caro profissional humano.

Portanto, se o branco em RGB pode ser diferente em monitores, o preto mal consegue ser bem calculado pelo seu software para ficar em 100% K e você ainda não sabe como descrever a sua cor “vinho” com palavras, o que é possível fazer para resolver este problema?

Ok, não se desespere! Vamos às alternativas mais indicadas para cada caso:

 

Eu quero criar uma identidade visual nova!

Normalmente as Gráficas e Agências de Design mais competentes possuem cartelas de Pantone físicas.

Veja o que é uma cartela de pantone: (solid coated que é revestido para pantones C e solid uncoated não-revestidos para pantones U):

cartela-de-pantone

 

Estas cartelas são utilizadas da seguinte forma:

  1. Você abre a cartela e escolhe a cor que quer, afinal é uma amostra física que não vai variar de cor então você pode confiar naquela tonalidade
  2. Utiliza o código da cor escolhida para a impressão
  3. E pronto!

Este é o processo ideal para você criar a identidade visual da sua empresa. A melhor forma de realizar este processo é visitando seu fornecedor ou agência de design para que o diretor de arte responsável possa lhe mostrar as opções de cores possíveis.

Dificilmente você conseguirá que seu fornecedor envie a cartela de pantone para você escolher em seu escritório, pois a cartela de Pantone é extremamente frágil, custa caro (cerca de R$ 400,00) e precisa de condições ideais de manuseio e armazenagem. Inclusive não é aconselhado que a cartela fique aberta e exposta quando está sem utilização. Ou seja, o ideal é guardar o pantone em um capa específica e somente retirar da gaveta quando for utilizada.

Todas estes cuidados para com a cartela são exatamente os motivos que fazem com que você possa confiar na tonalidade de cores do Pantone pois a umidade, exposição de luz, manuseio inadequado e outros fatores diversos podem fazer com que as cores desbotem ou mudem de tonalidade.  Além disso é aconselhável que estas cartelas sejam subsituídas de 3 em 3 anos pois a ação do tempo em si degrada a integridade das tonalidades impressas.

 

 

Eu já tenho uma identidade visual mas não tenho o Pantone, e agora?

Neste caso listamos as melhores alternativas para você:

  1. Envie uma amostra física impressa da cor que você deseja para o seu produtor gráfico. Assim ele poderá utilizar a cartela de pantone física que possui para comparar qual é a cor mais próxima da que você lhe enviou.
  2. Se você não possui uma amostra física para enviar, visite seu produtor gráfico e defina com ele qual é a melhor opção.
  3. Se você está realizando um trabalho para o seu cliente, considere as opções acima ou invista em uma cartela de pantone. Acredite, vale cada centavo e o seu trabalho ganha pontos extras com o seu cliente!

 

 

Eu tenho o logotipo em RGB ou em CMYK o que eu faço?

Siga os passos sugeridos da dica anterior. Sinceramente, este é o melhor processo possível.

 

Conclusão:

  • Tenha sempre em mente que as cores variam entrem monitores, sistemas de impressão e sistemas de cores.
  • A melhor maneira de garantir sucesso em seus impressos é acompanhar o processo em parceria com o seu fornecedor, além do seu conhecimento que sempre deve ser aperfeiçoado.

Espero que este post tenha sido proveitoso! Obrigado por nos acompanhar nesta trilha até aqui embaixo e até a próxima!

Caio Abe

Co-Fundador da M Embalagens e da agência Estilo7, graduado pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, atua como designer gráfico, front-dev e empreendedor desde 2007.

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