Qual é a diferença entre Pantone e Papel Coated e Uncoated?

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Fala galera, bem vindos a mais um post do MBlog, hoje nós iremos abordar algumas das principais diferenças entre Coated e Uncoated.

Apesar deste assunto ser muito extenso e abranger diversas peculiaridades nós iremos apenas aprender algumas das diferenças essenciais para que você seja capaz de identificar facilmente a melhor opção para o seu próximo projeto gráfico.

A primeira confusão que normalmente nós enfrentamos é: Devo utilizar tinta Pantone coated ou Uncoated?

Na realidade, a grosso modo a tinta a ser aplicada (refiro-me a impressos em papel) é a mesma tanto para Coated quanto Uncoated, ou seja, “quem é Coated ou Uncoated” é o Papel a ser impresso e não a tinta.

Então vocês me pergutam:

“Por que o meu fornecedor está me pedindo o código Pantone Coted se eu já informei o Pantone Uncoated (ou vice-e-versa) da identidade visual da minha marca ou ação promocional? Não vai dar na mesma? Afinal a tinta é a mesma…”

Bom, antes de responder a esta pergunta, vamos analisar superficialmente qual é a finalidade de cada especificação (C ou U para Coated e Uncoated respectivamente):

O que é Coated (C) e Uncoated (U)?

O que é interessante saber sobre o papel coated?

O termo inglês Coated em português significa Revestido e Uncoated significa Não Revestido em tradução  literal. Isto significa que quando utilizamos um papel COATED este apresenta um acabamento, ou seja um Revestimento próprio.

Papéis Coated que podemos citar são: Duplex, Triplex, Couché entre outros papéis. O papel coated costuma ser mais caro e normalmente tido como papel nobre. Este custo elevado é oriundo de diversos processos (não entraremos em muitos detalhes técnicos aqui, mas é importante que você entenda o motivo dos custos de cada material) que envolvem:

  • Dispersão de cera específica que confere características hidrofóbicas (o papel não é à prova d’água, mas isto evita que a água seja absorvida com tanta facilidade, deixando o papel “levemente impermeável”);
  • Insolubilizadores que melhoram a tolerância à umidade nos impressos;
  • Antiespumantes que evitam a formação de pequenas crateras e bolhas de ar e consequentemente melhoram  a uniformidade e suavidade da superfície beneficiada;
  • Entre muitos outros processos que envolvem inclusive agentes biocidas que evitam a degradação do papel.

Você como cliente final, agência de publicidade ou designer gráfico por exemplo não tem o dever de conhecer as especificações técnicas e químicas dos papéis, mas é importante que tenha ciência de determinados níveis de complexidade para a produção de cada material, assim você saberá os motivos que levam às divergências de preços entre Coated e Uncoated.

O Papel Coated normalmente pode receber as camadas de revestimento somente de um lado (Como é o caso do Duplex ou do Triplex). Este lado que foi beneficiado pode ser chamado de superfície nobre, ou seja, o lado em que recebeu mais beneficiamentos. Existem também papéis especiais mais caros que recebem ou não o revestimento nas duas superfícies, como é o caso do Couché.

Agora que você já conhece um pouco sobre o papel Coated, irei listas algumas das características mais úteis e práticas sobre este papel:

O que você realmente DEVE saber sobre o papel Coated?

O papel Coated em linhas gerais apresenta: Cores mais uniformes, menor suscetibilidade a manchas e pontos brancos no impresso final, leve brilho próprio ou seja inerente ao papel (independentemente de você aplicar um Verniz Brilho, Plastificação Brilhosa ou Laminação BOPP Fosca por cima do papel), e o mais importante de tudo: Quando você escolher o código Pantone da cor que você deseja, utilize uma escala Pantone Coated, pois a escala de Pantone Coated foi impressa em um papel Coated (revestido) e portanto você será capaz de prever qual será a cor mais próxima do resultado final de seus impressos.

E sobre o papel Uncoated?

O papel Uncoated costuma apresentar custos menores pois é um papel mais poroso (molha com mais facilidade), as cores impressas tendem a ser mais “opacas”, desaturadas, menos vívidas. Exemplos de papel uncoated são: papel Off-set (não confunda com impressão Off-set, o nome do papel é Off-set!), Reciclato, Kraft etc.

O papel uncoated é utilizado não somente por ser mais barato, mas também por conta de sua característica ecológica (por conter menos beneficiamentos este papel degrada com mais facilidade em aterros por exemplo), suas características mais rústicas, “cruas” conferem ao projeto um aspecto mais sintonizado com ações promocionais sustentáveis, os papéis coated apesar de serem mais porosos (absorvendo mais tinta e não aceitando acabamentos como a Laminação BOPP) apresentam certa tolerância ao Verniz UV Localizado (aquele “brilhinho só no logotipo”) ou seja, é possível ter um papel Off-set poroso com o Verniz UV aplicado sem grandes problemas.

Extendendo um pouco este assunto do Verniz UV, obviamente o resultado final entre: Verniz UV sobre papel Uncoated versus Verniz UV sobre papel Coated Com Laminação BOPP Fosca (não faz muito sentido utilizar um Verniz UV brilhoso em uma laminação brilhosa, seria como imprimir com tinta preta sobre um plástico preto), o Verniz UV na laminação fica muito mais bonito e bem definido. Porém normalmente os papéis Coated apresentam certa intolerância ao Verniz UV quando não aplicamos a Laminação BOPP, ou seja, para utilizar o Verniz UV Localizado em papel coated você acaba pagando mais caro por 3 fatores: Papel Coated + Laminação + Verniz UV (todos apresentam custos mais elevados).

Qual é o melhor? Coated ou Uncoated?

Não existe um papel melhor ou pior.  O que vai definir se você deve utilizar um ou outro é um mix de análises que devem ser feitas, tais como:

Propriedades:

Apenas com o intuito de exemplificar de forma exagerada, imagine pintar o quadro da Monalisa com uma canetinha. Seria mais fácil realizar tal façanha em uma quadro branco (plástico, brilhoso, não poroso) ou em uma folha de papel higiênico? Ou sejamos mais realistas, é mais fácil desenhar uma Hello Kitty em um papel lisinho ou tatuá-la em uma pele irregular? A dificuldade para imprimir em papéis coated ou uncoated é quase a mesma, mas a diferença é que o resultado final nunca será idêntico para os dois tipos de papéis. “Papel não é tudo a mesma coisa.”. Neste caso você pensa: “Então é melhor fazer tudo em coated! Se a tinta tende a ser menos absorvida no Coated que é revestido, ou seja, se espalha menos, cria mais definição e linhas mais contrastantes eu não quero utilizar o papel uncoated!”. Bem, existem casos e casos, se o papel é mais poroso ele irá absorver mais tinta claro (faça um traço com canetinha em um papel bem poroso como o papel toalha e veja como a tinta se espalha, é impossível ter uma linha completamente uniforme). Logicamente que estes papéis impressos em sistema Off-set não apresentam deformidades tão exageradas como as que citei de papel papel higiênico acima. Mas é apenas um exemplo exacerbado para que você compreenda a essência das diferenças de um papel Poroso como o Uncoated e “semi plastificado” como o Coated. Agora, voltando ao assunto de caso a caso:  Imagine se todos os papéis fossem coated, não seria nada legal tentar escrever com uma caneta BIC na sua ordem de serviço ou talão de pedidos. Portanto, cada material tem a sua utilização específica.

Vivacidade da cor desejada:
Suas ação promocional exige, por exemplo, um tom de laranja super vívido para chocar o seu público-alvo? Ou pode ser mais opaco e “morto” pois você está projetando a identidade visual de um restaurante italiano rústico e tradicional?)

Custo, Money, Budget, Retorno sobre investimento, Precificação:
Nós sempre queremos o Melhor pelo Menor Custo. Mas infelizmente quando falamos de impressos “não há milagre” (sem ofensas a nenhum credo obviamente). Ou seja, faz sentido para uma loja de Smartphones com custo final acima de R$2.000,00 e venda seus produtos com margens de lucro bruto elevado investir em uma embalagem mais nobre pois o retorno sobre investimento lhe confere possibilidade para tanto. Porém não faz sentido para uma varejistas que tenha um ticket médio de venda de R$4,00, com lucro bruto de R$2,70 investir em embalagens que custem R$3,87. Outro exemplo é o Budget de agências de publicidade. Como bem sabemos existem metas de gastos de budgets em agências e portanto o orçamento não deve ultrapassar o valor destinado a impressos por exemplo. Portanto é necessário avaliar o quanto você destinou para impressos e então conseguir o melhor aproveitamento dentro da sua realidade.

Acabamentos exigidos:
Sejamos francos e justos agora, determinados projetos EXIGEM determinados acabamentos. Vamos exemplificar uma agência de design que tenha um cliente que é “apaixonado” por Verniz UV Localizado, independente de qualquer outro quesito estético. Ao mesmo tempo que não existem milagres, existe o bom senso, conhecimento técnico e boa vontade para analisar qual é a melhor opção. Neste caso, se o cliente não possuir budget suficiente para altos investimentos em embalagens de papel Coated + Laminação + verniz UV, considere apresentar ao seu cliente a opção do papel Uncoated com o verniz UV localizado, mais simples claro, porém o custo será surpreendentemente inferior. Na dúvida, consulte seu fornecedor.

 

Ok, mas e o Pantone C ou U?

Bom, agora que você sabe as diferenças entres os dois papéis, já deve concluir que:

Papel Coated apresenta cores mais vívidas e Papel ucoated apresenta cores mais dessaturadas e opacas.

Você já sabe também que a tinta do Pantone, por exemplo, o código 485 (vermelho puro, ou vermelho ferrari como é conhecido) será a mesma quando for aplicada em qualquer um dos dois papéis.

Portanto a primeira conclusão que temos a tirar é que: “não tem jeito mesmo, se eu quiser uma cor mais vívida no papel uncoated eu não terei nenhuma chance pois apenas no papel coated é que será possível ter aquele vermelho 485 tão forte e vívido!”

coated-uncoated

Em partes a resposta é Sim, infelizmente não é possível ter o mesmo resultado de C em papel U, e também não é possível ter um impresso rústico e envelhecido em um papel C com todas as suas características de brilho.

Porém, ao definir sua identidade visual, tenha em mente que nem tudo está perdido! Existem alguns conceitos que podem amenizar estes problemas e, agora sim, você irá entender o motivo do seu fornecedor estar insistentemente pedido para você informar o código C ou U:

Bem Senso

Apesar de você não conseguir o mesmo brilho, saturação e vivacidade do papel C no papel U, é importante ter em mente que quando estamos em “Estado de Extremo Torpor” do nosso projeto, ou seja, quando estamos totalmente envolvidos e absorvidos pelos conceitos do projeto nós acabamos perdendo um pouco da habilidade de julgar os resultados com olhos de alguém externo. Ou seja, por mais que aquela tonalidade específica não seja a cor dos seus sonhos, não se deixe ficar obcecado por isso pois o cliente final muito provavelmente não notará diferenças tão sutis, seu projeto pode ser muito mais barato e rápido do que imagina e, mais importante que tudo: você deve respeitar as propriedades do material em que está trabalhando. Ou seja, procure superar as expectativas de seu cliente com conceitos bem elaborados, mensagem pregnante e design executado com perfeição ao invés de “apelar” para “Coloca tudo que existe de acabamento e força o material a ser o que ele não é!”. Ou seja, imagine um artista que desenha com espumas de leite sobre um café gourmet. Ele pode querer o logotipo da Ferrari vermelho, mas se a sua execução for excepcional as expectativas do seu público serão tão elevadas que todos serão capazes de absorver o respeito às limitações inerentes ao material. Em outras palavras, utilize o bom senso.

Licensas Poéticas

Assim como na música e na poesia, determinadas “gambiarras” são aceitáveis, por exemplo para forçar uma rima em um verso, o artista é “perdoado” por extrapolar determinada acentuação ou entonação de voz. Ou seja, na prática você deve ser capaz de pegar as suas duas cartelas de Pantone nas mãos, procurar a cor mais coerente na escala C e encontrar a cor mais correspondente possível na escala U e assim definir qual tinta deve ser utilizada em cada caso. Lembre-se você nunca será capaz de obter o mesmo resultado com dois materiais diferentes, mas é preciso analisar o que chega mais próximo um do outro. Portanto, não utilize aquela ferramenta pronta do Corel ou do Illustrator para “transformar C em U”. O ideal é que você defina os melhores pantones C e os melhores pantones U caso a caso, “calibrando” pela sua escala pantone qual é o código mais próximo um do outro.

Balanceie as duas primeiras

Ao mesmo tempo que os materiais devem ser respeitados, nada justifica um projeto mal planejado. Ou seja, não é plausível que você, sua agência ou seu fornecedor jogue toda a culpa no material. É preciso entender as limitações e também utilizar de conhecimento, testes, experimentos, fracassos, sucessos, ajustes e otimizações para que você obtenha os melhores resultados, com qualidade, objetividade, foco em custo-benefício (se você demanda 10.000.000 de impressos para uma campanha nacional faz sentido gastar R$5.000,00 em uma prova física antes de rodar o pedido todo. Mas se você vai utilizar 1.000 impressos para uma campanha pontual, considere planejar seu projeto com cautela, depositar a confiança em outros exemplos e amostras próximas à sua e ser mais tolerante a determinadas restrições).

Como em tudo na vida, a dedicação e paixão levam à perfeição. Estude, pratique, compartilhe conhecimento, tenha humildade para escutar e ensinar, esta é a melhor maneira de aprender e melhorar cada vez mais.

Espero que tenham gostado deste post e qualquer dúvida escrevam nos comentários.

Um grande abraço!

 

Caio Abe

Co-Fundador da M Embalagens e da agência Estilo7, graduado pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, atua como designer gráfico, front-dev e empreendedor desde 2007.

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